sábado, 1 de dezembro de 2012

Pesquisador compila dados do governo americano e mostra que lavouras transgênicas levaram a aumento no uso de agrotóxicos

Em outubro último a revista científica Environmental Sciences Europe publicou a primeira pesquisa revisada por pares analisando o impacto das lavouras transgênicas sobre o uso de agrotóxicos, utilizando dados do Serviço Nacional de Estatística Agrícola (NASS, na sigla em inglês) do Departamento de Agricultura do governo dos EUA (USDA).

A pesquisa é assinada pelo Professor Charles Benbrook, da Washington State University, nos EUA. Para analisar os dados, Benbrook desenvolveu um modelo capaz de quantificar, por cultura e por ano, os impactos sobre o uso de agrotóxicos das seis maiores culturas transgênicas do país durante o período de 16 anos: milho, soja e algodão tolerantes à aplicação do herbicida glifosato; milho Bt tóxico à lagarta-do-cartucho; milho Bt tóxico à lagarta-da-raiz-do-milho; e algodão Bt tóxico a insetos da ordem Lepidoptera.

Os dados oficiais mostraram que as lavouras tolerantes à aplicação de herbicida levaram a um aumento de 239 milhões de kg no uso de herbicidas nos EUA entre 1996 e 2011, enquanto as lavouras tóxicas a insetos (Bt) reduziram a aplicação de inseticidas em 56 milhões de kg.

No cômputo geral, constatou-se um aumento no uso de agrotóxicos aplicados da ordem de 183 milhões de kg entre 1996 e 2011 (cerca de 7%). O uso geral de agrotóxicos em 2011 foi cerca de 20% maior em cada hectare plantado com uma variedade transgênica, em comparação ao uso de agrotóxicos em áreas plantadas com sementes convencionais. Especificamente sobre lavouras tolerantes a herbicidas, os números indicam que, em 2011, o volume de herbicidas aplicados foi 24% maior nas lavouras transgênicas do que nas áreas onde são plantados cultivos não transgênicos.

Em declaração publicada pelo jornal New York Times, Benbrook afirmou que “o motivo pelo qual os agricultores adotaram a tecnologia tão rapidamente foi que, nos primeiros anos, ela funcionou muito bem”. Segundo o pesquisador, os dados do USDA mostram que nos primeiros seis anos de uso comercial as lavouras transgênicas tolerantes a herbicidas ou tóxicas a insetos reduziram o uso de agrotóxicos em cerca de 2%.

Entretanto, como era previsto (e foi exaustivamente alertado), após esses primeiros anos, duas dúzias de espécies de plantas invasoras tornaram-se resistentes ao glifosato, e muitas delas estão se espalhando rapidamente, o que tem levado os agricultores a aumentar as quantidades, tanto de glifosato, como de outros herbicidas utilizados para controlar as chamadas “super-ervas-daninhas” – incluindo venenos antigos e mais tóxicos que a tecnologia de tolerância a herbicidas prometia substituir. Milhões de hectares nos EUA estão infestados com mais de uma planta invasora resistente ao glifosato, o que tem elevado o uso de herbicidas em 25% a 50%, aumentando, ao menos na mesma proporção, os custos com o controle do mato.

Para Benbrook, a magnitude do aumento no uso de herbicidas nas lavouras transgênicas anulou a redução do uso de inseticidas nas lavoras Bt nos últimos 16 anos, e isso continuará a acontecer no futuro.

Em suas conclusões, o autor da pesquisa ressalta que a realidade contraria a repetida afirmação de que as lavouras transgênicas reduzem o uso de agrotóxicos, relembrando que a solução proposta pelas indústrias de biotecnologia-sementes-agrotóxicos para responder à disseminação de ervas invasoras resistentes ao glifosato é o desenvolvimento de novas variedades transgênicas tolerantes a múltiplos herbicidas, incluindo o 2,4-D e o dicamba (para quem não se lembra, o 2,4-D era um dos componentes do Agente Laranja, desfolhante utilizado pelo exército americano na Guerra do Vietnam que provocou milhares de mortes e malformações em mais de 500 mil crianças; no Brasil, a CTNBio já autorizou o plantio experimental de soja tolerante ao 2,4-D).

Benbrook afirma que esses herbicidas antigos representam riscos ambientais e à saúde notavelmente maiores do que o glifosato. Nos EUA, o milho tolerante ao 2,4-D aguarda autorização. Segundo Benbrook, sua aprovação poderá levar a um aumento adicional de 50% no uso do herbicida nas lavouras de milho.

Com relação às lavouras tóxicas a insetos cabe ressaltar que, de acordo com dados citados no estudo, o volume de toxinas Bt produzidas por hectare por plantas de milho e algodão transgênicas excede, em quase todos os casos, o volume de inseticidas substituído pelo plantio da variedade Bt. Por exemplo, o milho Bt desenvolvido para eliminar a lagarta-da-raiz-do-milho e outros insetos próximos expressa de 0,6 a 2,8 kg de toxinas Bt por hectare, ao passo que dispensou apenas cerca de 0,2 kg de inseticida por hectare. O milho transgênico chamado SmartStax, que sintetiza três proteínas tóxicas à lagarta-do-cartucho e três proteínas tóxicas à lagarta-da-raiz-do-milho, produz cerca de 4,2 kg de toxinas Bt por hectare, 19 vezes mais que a taxa média convencional de aplicação de inseticidas em 2010.

O pesquisador alerta ainda que as lavouras de milho e algodão Bt tóxicas a insetos estão também provocando o aumento de insetos resistentes e começam a reverter a tendência de queda no uso de inseticidas. À agência de notícias Reuters, Benbrook declarou que “a relativamente recente emergência e dispersão de populações de insetos resistentes às toxinas Bt expressas no milho e no algodão transgênicos já começaram a provocar aumento no uso de inseticidas, e continuarão a fazê-lo”. Em entrevista, ele explicou que, “para que os insetos que atacam o milho e o algodão parem de desenvolver resistência à toxina Bt, agricultores que plantam variedades transgênicas estão sendo orientados a pulverizar os inseticidas que o milho e o algodão Bt foram projetados para substituir”.

Entre as conclusões da pesquisa, o autor alerta que os níveis de glifosato e de toxina Bt no ambiente, na alimentação animal e nos alimentos destinados ao consumo humano aumentaram substancialmente, criando uma miríade de novas vias de exposição. Para ele, muitas novas pesquisas serão necessárias para traduzir essa maior exposição aos venenos em riscos para os humanos, os animais e o meio ambiente.

Fonte: Boletim ASPTA / Número 610 - 30 de novembro de 2012

Com informações de:

- Major US Study Shows that GM Crops Have Caused Increase in Pesticide Use - Third World Network Biosafety Information Service, 29/10/2012.

- Pesticide Use Rises as Herbicide-resistant Weeds Undermine Performance of Major GE Crops, New WSU Study Shows - Washington State University, 01/10/2012.

- Superweeds, Superpests: The Legacy of Pesticides - New York Times website, 05/10/2012.

- Pesticide use ramping up as GMO crop technology backfires: study -
Reuters, 02/10/2012.

- Summary of Major Findings and Definitions of Important Terms - “Impacts of genetically engineered crops on pesticide use in the U.S. – the first sixteen years” by Charles M. Benbrook – Washington State University, 01/10/2012.

O artigo “Impacts of genetically engineered crops on pesticide use in the U.S. – the first sixteen years” (Published in Environmental Sciences Europe, Vol. 24:24 doi:10.1186/2190-4715-24-24, 28 September 2012.) está disponível na íntegra no site da revista Environmental Sciences Europe: http://www.enveurope.com/content/pdf/2190-4715-24-24.pdf

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Equipe do ICMBio fiscaliza impactos ambientais no interior do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas


O Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (RVS-CP) é uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral e foi criado no dia 03 de abril de 2006 por Decreto presidencial. Esta categoria de UC não implica necessariamente na desapropriação das terras, desde que haja compatibilidade entre o uso das propriedades privadas e os objetivos da Unidade. Localiza-se na região conhecida como Horizonte, abrangendo parte do ecossistema de campos naturais de Palmas e General Carneiro, Estado do Paraná, na divisa com o estado de Santa Catarina.

Durante as palestras e reuniões com a comunidade e Instituições a equipe de gestão do RVS-CP tem constantemente repetido e deixado clara a proibição de supressão de vegetação nativa, não só na Unidade de Conservação, como também em todo o Bioma Mata Atlântica (sul, parte do sudeste e nordeste do Brasil). 

A Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, define regras claras para as possibilidades de supressão de vegetação, sendo proibido o desmatamento de vegetação em estágio avançado de regeneração (salvo se decretada utilidade/interesse público). Todo e qualquer desmatamento necessita de autorização do órgão ambiental competente (federal, estadual ou municipal, dependendo do caso). O ecossistema dos campos naturais (predominantes em Palmas/PR) está salvaguardado pela Resolução SEMA 023/2009 que proíbe a supressão e a conversão de vegetação nativa nas áreas de ocorrência de Campos. Ou seja, dentro ou fora do RVS dos Campos de Palmas, é proibida a conversão dos campos naturais para qualquer uso (lavoura, silvicultura, pomar).

Além disso, o art. 4 do Decreto de criação desta Unidade de Conservação impede a supressão de vegetação nativa em seu interior e uma Resolução Conjunta (Nº 05 de 2008) entre SEMA, IAP e IBAMA determina que a faixa de APP (área de preservação permanente) mínima para qualquer área úmida no estado deve ser de 50 metros.

Apesar do senso comum não considerar os campos naturais uma formação florestal, os campos são responsáveis por importantes serviços ambientais. Abrigam alta biodiversidade, com cerca de 2,2 mil espécies vegetais, cujo conhecimento sobre usos potenciais ainda é incipiente (Boldrini, 2009) [1]. Garantem a conservação de recursos hídricos superficiais (Kozera, et al., 2009)[2] e subterrâneos (Melo, 2009)[3], e oferecem beleza cênica com potencial turístico importante. Sua conservação tem implicações no balanço de carbono no solo e nas emissões de gases do efeito estufa, contribuindo assim no esforço de mitigação de mudanças climáticas globais (Soussana, 2009)[4].

A despeito de todos os esclarecimentos e leis em questão, incluindo uma reunião particular na sede da UC, uma equipe do ICMBio teve que realizar ação fiscalizatória no interior do RVS-CP nos últimos dias, onde cerca de 19ha de vegetação nativa (campos naturais, árvores, APP e vegetação em regeneração) foi derrubada/convertida.

A importância desta Unidade de Conservação Federal vem sendo reconhecida, importantes passos para o avanço na gestão da área e na resolução de impasses entre proprietários e UC, visando a compatibilização entre produção e conservação - nos moldes de áreas protegidas na Europa - vem sendo conquistados, tais como a elaboração do Plano de Manejo e o funcionamento ativo e pleno do Conselho da UC.

A sociedade, justificadamente, cria relevantes expectativas em relação ao futuro daquela área, e espera-se que atitudes como essa não se tornem comuns e que após tantos avanços, não sejam dados passos em retrocesso.


 


                                                                               




 











[1] Boldrini, I.I. 2009. A flora dos Campos do Rio Grande do Sul. In Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (ed. V. D. Pillar, S. C. Müller, Z. M. S. Castilhos & A. V. A. Jacques), pp. 63-77. Brasília, Ministério do Meio Ambiente.

[2] Kozera, C., Kuniyoshi, I.S., Galvão, F. & Curcio , G.R. 2009. Composição florística de uma formação pioneira com Influência fluvial em Balsa Nova, PR, Brasil. Floresta 39: 309-322

[3] Melo, M.S. 2009. Aqüífero Furnas: urgência na proteção de mananciais subterrâneos em Ponta Grossa, PR. In
Seminário Internacional “Experiências de Agendas 21 - Desafios do Nosso Tempo”. Curitiba.

[4] Soussana, J.-F. 2009. Os desafios da ciência das pastagens européias são relevantes para os Campos Sulinos? In Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (ed. V. D. Pillar, S. C. Müller, Z. M. S. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Greve do Funcionalismo Público

"A greve dos servidores federais ganhou ontem a adesão de policiais rodoviários e ameaça se tornar a paralisação mais ampla do funcionalismo desde o começo do governo Lula (2003-2010), desafiando a gestão da presidente Dilma Rousseff" (Folha de São Paulo, 09/08/2012).


O ICMBio, bem como todos os outros órgãos de meio ambiente vem enfrentando sérias dificuldades  orçamentárias, e a carreira de especialista de meio ambiente é uma das menos valorizadas no funcionalismo público. Para esclarecer melhor a situação, segue abaixo o manifesto dos representantes dos servidores do meio ambiente:

MANIFESTO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE E PELA VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL (MMA – IBAMA – Serviço Florestal Brasileiro/SFB – Instituto Chico Mendes/ICMBio)

Em época de Rio+20, o governo brasileiro tem se utilizado dos números da diminuição do desmatamento, como forma de camuflar os poucos avanços da política ambiental. Todavia, é importante  esclarecer que os verdadeiros responsáveis pela redução desses números sequer são lembrados: os servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, que muitas vezes correm risco de morte para garantir o cumprimento da lei, mesmo em situações precárias e regiões remotas. 

Muito além disso, o trabalho desse conjunto de servidores públicos federais visa resguardar o interesse coletivo, garantindo à população brasileira: 
1) geração de menor impacto ambiental possível em grandes empreendimentos;
2) controle das emissões de poluentes na atmosfera;
3) plano emergencial de atendimento a acidentes ambientais; 
4) proteção e manejo da fauna silvestre; 
5) prevenção e combate de incêndios florestais; 
6) monitoramento do desmatamento via satélite; 
7) participação no processo de registro e controle de agrotóxicos; 
8) gestão de mais de 310 unidades de conservação federais (cerca de 10% do território nacional) 
onde são prestados serviços ambientais que garantem a qualidade de vida das pessoas; 
9) apoio ao extrativismo e manutenção do modo de vida das populações tradicionais, a recreação, 
ecoturismo e uso público, a pesquisa científica e a educação ambiental nas Unidades de Conservação;
10) conservação da sociodiversidade, biodiversidade e geodiversidade;
11) gestão sustentável do uso dos recursos pesqueiros;
12) manejo florestal nas áreas de competência da União, dentre outras.

Por outro lado, o descaso dos últimos governos com a área ambiental federal tem se refletido em: condições precárias de trabalho, principalmente nas localidades do interior; sucateamento dos órgãos ambientais federais e engessamento de suas atribuições; desmonte da legislação ambiental, a exemplo da 
revogação do Código Florestal; e, em salários não compatíveis com a complexidade das atribuições e carreiras semelhantes no âmbito do poder executivo. Esta situação vem causando insatisfação crescente nos servidores  provocando evasão para outras carreiras públicas mais estruturadas ou mesmo para o setor privado, implicando na constante carência de pessoal especializado.

Desde 2002, quando a Carreira de Especialista em Meio Ambiente foi criada, a política salarial adotada pelo governo federal somente contribui para a desvalorização sistemática do salário do servidor, com perdas de quase 60% em relação à evolução do salário mínimo nos últimos dez anos. Em comparação com outros cargos de nível superior que possuem atribuições similares, nossa remuneração inicial corresponde a 49,04% da carreira de Especialista em Recursos Hídricos (ANA) e de fiscal agropecuário (MAPA) e 62,87% da carreira de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo as TABELAS DE REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS publicadas no site www.servidor.gov.br. 

Mais um argumento que comprova a desvalorização da área ambiental, a partir de dados da Secretaria de Orçamento Federal  – SOF, é a evolução do orçamento de alguns ministérios em comparação com o Ministério do Meio Ambiente no período 2000/2010, conforme o gráfico a seguir:                                                                                        Fonte: www.prosaeconomica.com

Os servidores da área ambiental federal vêm negociando a reestruturação da Carreira com o governo federal, que insiste sistematicamente em não avaliar as propostas apresentadas (2005, 2008, 2010 e 2011) e sequer apresenta contraproposta digna da importância do trabalho que é desenvolvido. O governo se recusa, inclusive, a repor as perdas inflacionárias de 2004 a 2012, garantida pela Constituição 
Federal a todo trabalhador brasileiro.

A última proposta de reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente foi enviada pela categoria ao governo em dezembro de 2011. Desde então,  já foram realizadas quatro reuniões de negociação nas quais não houve avanço. 

Dessa forma, decidimos expor à sociedade nossa insatisfação diante da incoerência entre o discurso e a prática do governo, cuja intransigência tem levado ao aumento dos impactos ambientais negativos das atividades produtivas. Outras consequências do descaso do governo podem refletir no aumento do desmatamento, na aceleração da extinção de espécies/ambientes e na degradação ambiental com diminuição da qualidade de vida da população brasileira, inclusive com reflexo na saúde humana.

Para sensibilizar as autoridades do país e exigir avanços concretos na negociação, os servidores da área ambiental federal, no Distrito Federal, iniciaram o MOVIMENTO PROPOSTA JÁ! Desde 18 de junho estamos mobilizados em ESTADO DE GREVE, mas apesar das dificuldades existentes e insatisfação geral, continuaremos a não medir esforços em realizar com excelência nosso trabalho. 

Cientes de nossas atribuições e responsabilidades frente à sociedade brasileira, canalizaremos nossos  esforços no atendimento das demandas de gestão ambiental, ações consideradas por nós servidores como essenciais à conservação do meio ambiente e ao desenvolvimento realmente sustentável que ficaram represadas em detrimento de prioridades estabelecidas pelo governo.

Acreditamos que a valorização do meio ambiente, tão alardeada pelo governo, passa  obrigatoriamente pela valorização dos servidores da área ambiental. Assim, é urgente que sejam  garantidas as condições de trabalho adequadas e se promova a reestruturação da Carreira de Especialista  em Meio Ambiente, aliada a uma política remuneratória condizente com a alta qualificação dos servidores,  importância e complexidade das atividades desenvolvidas. 

A Carreira de Especialista em Meio Ambiente está completando 10 anos sem muito a comemorar. 
Nós fazemos a nossa parte, quando o governo vai fazer a dele?
SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL
MMA – IBAMA – SFB – ICMBio
ASIBAMA-DF
Acesse: www.asibama.org.br / www.asibamanacional.org.br

terça-feira, 24 de julho de 2012

Uso do fogo no Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas


Em virtude da solicitação dos proprietários de áreas no interior do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (RVS-CP) que trabalham com pecuária extensiva (tradicional), desde 2010 estão sendo realizadas tratativas com a sede do ICMBio em Brasília para que a renovação de pastagem através da queima dos campos naturais possa ser continuada até que se tenha uma alternativa viável.
Em 2011 a equipe de gestão do RVS-CP conseguiu junto à Coordenação de Proteção do ICMBio um prazo de 07 anos para que os proprietários adequassem o manejo das atividades pecuárias de forma a não necessitar mais do uso do fogo. Até então as queimadas controladas eram autorizadas diretamente pelo gestor desta Unidade de Conservação (UC).
Entretanto a aprovação do novo Código Florestal (Lei 12.651 de 25/05/2012) impede a emissão deste tipo de autorização no RVS-CP. Conforme o Capítulo 9, Art. 38, Inciso II do novo código florestal  – Da Proibição do Uso do Fogo e do Controle dos Incêndios - é permitido o “emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo”.
Desta forma, desde a publicação do novo Código Florestal em maio de 2012, está suspensa a emissão de autorizações para queima controlada pela equipe de gestão do RVS-CP /ICMBio até que seja publicado o Plano de Manejo da UC, o qual discutirá a questão do fogo na região.
Além disso, o Conselho Consultivo do RVS-CP, através de uma Câmara Técnica composta por pecuaristas com propriedades no interior da UC, pesquisadores e conselheiros, vem trabalhando na discussão da questão do uso do fogo e na busca por alternativas para os pecuaristas. No dia 11/07/2012 foi realizada a primeira reunião presencial da Câmara Técnica na sede do ICMBio em Palmas/PR e foram definidas algumas ações, sendo o principal encaminhamento a elaboração e execução de um projeto para identificação e implantação de medidas para melhoramento de pastagens como alternativa ao uso do fogo e aumento da produtividade do rebanho e capacidade de suporte dos campos naturais.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

RVS dos Campos de Palmas comemora 5 anos de criação com início do Plano de Manejo


O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) dos Campos de Palmas é uma Unidade de Conservação criada por Decreto Presidencial em 06 de abril de 2006. Como presente pelo quinto aniversário, recebeu o início dos trabalhos de elaboração do Plano de Manejo (PM), marcado pela Primeira Reunião Técnica, realizada na semana de 09 a 13/04/2012 na sede do ICMBio em Palmas/PR.
Este será o primeiro Plano de Manejo de um RVS federal e a importância desse acontecimento vai além da conquista de um dos documentos mais importantes para a gestão da Unidade. A elaboração do Plano de Manejo do RVS dos Campos de Palmas está sendo concretizada de forma inédita através de um mecanismo normalmente utilizado para outros fins: a conversão de multas. Foram anos de esforços desmedidos dos analistas ambientais que passaram pelo RVS, Procuradorias Federais, Coordenadorias e Diretorias do ICMBio e do IBAMA. As multas convertidas foram aplicadas pelo IBAMA em 2005, devido à instalação de projetos de silvicultura (plantio de pinus), sem as devidas licenças ambientais, na área que estava em estudo para a criação do RVS. Sete dos proprietários autuados assinaram Termos de Compromisso com o IBAMA, sendo beneficiados com desconto de 90% nos valores das multas e aplicando os 10% restantes, conjuntamente, para viabilizar o PM.
A elaboração do PM requer uma equipe multidisciplinar que, em geral, é obtida por meio da contratação de uma empresa de consultoria especializada. No caso específico do RVS dos Campos de Palmas, por tratar-se de recurso privado, a contratação ficou inteiramente a cargo dos proprietários compromitentes, cabendo ao ICMBio o acompanhamento do processo e a análise técnica dos trabalhos a serem entregues pela empresa contratada: a STCP Engenharia de Projetos Ltda, que possui vasta experiência na área ambiental e florestal.
Esta primeira reunião teve a participação da equipe de acompanhamento do PM pelo ICMBio, da equipe da STCP e do representante dos compromitentes. Pelo ICMBio participaram: Célia Lontra e Edilene Menezes, da Coordenação de Elaboração e Revisão de Plano de Manejo (COMAN);  Leoncio Pedrosa Lima, analista ambiental e chefe do RVS e Marcia Casarin Strapazzon, analista ambiental da Estação Ecológica da Mata Preta; pela STCP, Leticia Ulandowski, coordenadora dos trabalhos, Sérgio Morato e Marcela Tempo e pelos compromitentes, o Sr. Martim Ribas.
Na reunião foi discutida a organização do planejamento - plano de trabalho, metodologias, cronograma, etc – sendo também reservados períodos para atividades prévias de reconhecimento campo. O “Refúgio de Vida Silvestre” é uma categoria extremamente complexa de Unidade de Conservação. Ela tem, basicamente, a missão de conciliar a proteção integral do ambiente no interior de propriedade privadas que possuem atividades econômicas diversas – sendo este o grande desafio da gestão do RVS dos Campos de Palmas. A expectativa é que, no máximo em 18 meses, tenhamos o primeiro Plano de Manejo de um Refúgio de Vida Silvestre federal, documento muito importante, cobrado intensamente pelos proprietários de áreas no RVS e pelo Ministério Público Federal, que pretende nortear a gestão da UC, possibilitando ainda, a avaliação do uso da conversão de multas para tal fim.
O Brasil possui apenas sete RVS federais, e a categoria não tem recebido a devida atenção. O trabalho em um RVS é tarefa árdua, e a concretização do PM do RVS dos Campos de Palmas se deve ao empenho dos analistas ambientais que trabalharam e trabalham na UC: Rodrigo Torres, Vivian Uhlig, Carlos Abrahão, Marcia Strapazzon e Leoncio Pedrosa Lima, chefe e atualmente o único servidor.





terça-feira, 3 de julho de 2012

Plano de Manejo: realizada Oficina de Planejamento Participativo e pesquisas de Socioeconomia

O Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (RVS-CP), criado em 2006, é uma categoria de Unidade de Conservação (UC) Federal de proteção integral que mantém as propriedades privadas em seu interior. Possui cerca de 16.000ha e se localiza nos municípios de Palmas e General Carneiro/PR.
O RVS-CP foi criado em função da área do Médio Rio Iguaçu ser considerada como de importância biológica EXTREMAMENTE ALTA para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Um dos principais motivos para a criação desta UC foi a inserção das principais nascentes do rio Chopim e uma do rio Iratim, que possuem grande importância para a região, bem como proteger um ambiente singular extremamente frágil, formado pelos últimos remanescentes no Paraná de campos sulinos (estepe gramíneo-lenhosa) em bom estado de conservação, sob intensa pressão de uso, além de capões e florestas de galeria compostas por Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias), possuindo ainda, formações brejosas (várzeas) que abrigam espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
A elaboração do Plano de Manejo da Unidade foi iniciada em abril de 2012 e a previsão para finalização é julho de 2013. A elaboração deste importante documento de gestão requer uma equipe multidisciplinar que, em geral, é obtida por meio da contratação de uma empresa de consultoria especializada, e neste caso a empresa responsável pelos trabalhos é a STCP Engenharia de Projetos Ltda, com vasta experiência na área ambiental e florestal.
No período de 11 a 21/06/2012 foram realizados os trabalhos do campo da Socioeconomia, sob responsabilidade do Sociólogo Dr. Airton Laufer, que além do diagnóstico, incluiu 04 (quatro) reuniões abertas: com as comunidades dos assentamentos Colina Verde e Recanto Bonito, proprietários do entorno da UC e proprietários do interior do Refúgio.
Nos dias 26 e 27/06/2012 ocorreu a Oficina de Planejamento Participativo (OPP), importante oportunidade de envolvimento da sociedade na proposição de diretrizes para a gestão do RVS-CP. Participaram desta etapa os membros do Conselho Consultivo do Refúgio e proprietários do interior do RVS-CP.
A elaboração do Plano de Manejo segue com o cumprimento de etapas estipuladas pelo ICMBio em um Termo de Referência e, resumidamente são o diagnóstico em campo da flora e fauna, elaboração de mapas de uso dos solos do Refúgio, indicação de programas que deverão ser desenvolvidos a posteriori, além de utilizar como base os dados e informações gerados na OPP para elaboração do ordenamento, zoneamento e planejamento da UC.
Vale ressaltar que o Conselho Consultivo do RVS-CP, com representantes dos proprietários, projetos de assentamento, sociedade civil e instituições governamentais,  participará da análise dos principais capítulos e produtos do Plano de Manejo antes de sua publicação.

Os campos são responsáveis por importantes serviços ambientais. Abrigam alta biodiversidade, com cerca de 2,2 mil espécies vegetais.

Clima
O clima da região na Classificação de Köppen é Cfb (temperatura média no mês mais frio inferior a 18°C e temperatura média no mês mais quente inferior a 22°C, com verões brandos, geadas freqüentes e sem estação seca definida). Por suas características geográficas, com altitudes entre 1035 m (limite nordeste, através do rio Chopim) e 1356 m (no Cerro Grande, distrito da Alegria/Padre Ponciano), e sua posição (Serra do Divisor Iguaçu-Uruguai) quase frontal às passagens das frentes frias, constitui um micro-clima excepcional, com diversas variáveis climáticas, ainda pouco conhecidas/divulgadas.

Vegetação
A cobertura vegetal pertence ao domínio do bioma Mata Atlântica, predominando as formações de campos associados com manchas isoladas de floresta (capões) e florestas ripárias. Essas florestas são de diferentes tamanhos e formas (Matte, 2009) e contêm elementos da floresta ombrófila mista com a ocorrência de Araucaria angustifolia. Os dados atualmente disponíveis de levantamentos da biodiversidade dos campos sulinos e ecossistemas florestais associados são ainda pontuais e dispersos.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quem somos?

Perfil do Chefe do RVS dos Campos de Palmas: Leoncio Pedrosa Lima


Possui graduação em Ciências Biológicas (1998), Licenciatura em Ciências Biológicas (1999) e Mestrado em Biologia (Ecologia - Herpetofauna - Comportamento Animal) pela Universidade Federal de Goiás (2002). Além disso cursou 02 anos de Doutorado na mesma Instituição, na área de Ciências Ambientais, com projeto de pesquisa sobre uso da herpetofauna como bioindicadores de distúrbios ambientais até novembro de 2005, quando assumiu como analista ambiental na GEREX do IBAMA em Imperatriz-MA. No IBAMA atuou no núcleo de Fauna e Pesca e como chefe do setor de fiscalização. Em junho de 2006 assumiu a chefia do Parque Nacional da Chapada das Mesas - ICMBio. Nesta UC possuía também o cargo de Gerente de Fogo, coordenando a Brigada de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais. Em 2009 e 2010 trabalhou no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - RAN/ICMBio. Desde Outubro de 2010 está lotado no estado do Paraná, no Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas - ICMBio, sendo o Chefe e único Servidor lotado na Unidade. É também instrutor de cursos de fiscalização do ICMBio, formado em curso ministrado através de parceria do ICMBio e a Polícia Rodoviária Federal. Tem experiência na área de Gestão de Unidades de Conservação, Herpetofauna, Ecologia, Fauna em geral, Espécies Exóticas Invasoras e Comportamento Animal. Possui 07 artigos completos publicados em periódicos de renome na área científica; 02 livros e diversos resumos publicados em Anais de Congressos.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Estagiários do RVS


 

No dia 02 de março de 2012 foi realizada a seleção para a vaga de  estagiário remunerado do RVS dos Campos de Palmas. Compareceram no dia seis candidatos, dos Cursos de Ciências Biológicas e Agronomia da IFPR.
Foi aplicada uma avaliação que consistiu em responder um pequeno questionário para melhor conhecer seus interesses pela área.
A candidata selecionada foi Ana Paula Pedroso Magagnin, do 2º período de Ciências Biológicas.
Os mesmos participantes que se inscreveram para vaga de estágio remunerado hoje compõem o primeiro Grupo de EstagiáriosVoluntários do RVS. Este grupo está responsável pelo Projeto “Concurso do Logotipo do RVS dos Campos de Palmas”, que tem por objetivo escolher o logotipo do Refúgio, a partir da participação da comunidade estudantil do município de Palmas/PR. Este concurso faz parte da nova vigência do Termo de Compromisso firmado com a Prefeitura Municipal de Palmas, em virtude do recebimento de ICMS Ecológico.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SELEÇÃO PARA ESTÁGIO REMUNERADO


 
Esta semana o RVS dos Campos de Palmas está com seleção aberta para a vaga de estágio remunerado. A vaga destina-se a estudantes das áreas ambientais, preferivelmente Ciências Biológicas. O programa de estágio possui enfoque em Gestão Ambiental Pública de área protegida, e as atividades incluem: realizar diagnósticos ambientais em campo, levantamento de dados fundiários na Unidade de Conservação, apoio a programas de comunicação e educação ambiental, redação de textos informativos sobre legislação ambiental, auxílio na organização de reuniões de Conselhos Gestores de Unidades de Conservação, redação de atas de reunião com pesquisadores, conselheiros ou comunitários; planejar e realizar atividades relacionadas aos objetivos da Unidade e elaborar e executar projetos de pesquisa.
O estágio possui duração de 20h semanais (turnos a combinar) e a bolsa é de cerca de R$ 500,00.
Os curriculum podem ser entregues na sede do ICMBio (Rua Dr. Bevilaqua, 863, 1º andar, Centro, Palmas/PR) e na sexta-feira (02/03/2012) será realizada uma conversa com os interessados para a seleção final (horário a ser avisado aqui no blog e por telefone).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Instaladas as primeiras placas de sinalização do REVIS dos Campos de Palmas



Para fechar o ano de 2011, no mês de dezembro foram implantadas 04 placas de sinalização nas principais vias de acesso ao REVIS dos Campos de Palmas, marcando os limites viários da Unidade.
A sinalização da UC é uma das importantes demandas dos proprietários de áreas no interior do REVIS e a instalação destas placas tem o objetivo de facilitar a orientação e localização dos proprietários e da população em geral.
Esta ação foi uma conquista fruto de um Termo de Compromisso entre Prefeitura Municipal de Palmas, IAP e ICMBio, que vem sendo firmado desde o ano de 2010. Neste termo, a Prefeitura Municipal se compromete a utilizar parte da verba recebida pelo município através do ICMS Ecológico em ações diretas em prol do meio ambiente na região, especialmente no Refugio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas. Esta Unidade de Conservação gera a maior parte do ICMS Ecológico recebido mensalmente pelo município (cerca de 20 mil reais mensais).
A Prefeitura confeccionou 06 modelos de placas elaboradas pelos servidores do ICMBio desejando boas vindas, indicando o REVIS, sinalizando a possível presença de animais silvestres cruzando a pista, informando sobre a necessidade de licença ambiental para realização de queima controlada, sobre a importância da conservação dos campos naturais e informando que o REVIS protege as nascentes do Rio Chopim e Iratim. Nesta etapa foram instaladas apenas as placas que indicam o REVIS e desejam boas vindas, pois todas as outras serão instaladas na PRT 280 e necessitam de autorização do DER, a qual já foi solicitada e apenas aguardamos o retorno para proceder à instalação.
Esta é uma ação que comprova que parcerias entre as três esferas do governo (federal, estadual e municipal) são possíveis e desejadas, e que iniciativas para conservar o meio ambiente exigem o envolvimento de todos, inclusive de cada cidadão, como prega nossa Carta Magna: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”